
Comece a observar os posts em sua timeline. Tente olhar por detrás das afirmações e você perceberá, muitas vezes, frases carregadas de sentimentos profundos e dos mais diversos, do amor ao ódio, da amizade à inimizade, da simpatia à antipatia. Parece que o fato da exposição ser virtual e não real, gera uma coragem para revelar o que talvez não seria revelado face a face.
Nesse divã virtual é possível verificar todo o tipo de sentimento e sensações: posts com tendências suicidas, frases altamente preconceituosas, posições profundamente facciosas, declarações narcisistas, desabafos profundamente coléricos e raivosos, avaliações autodestrutivas… enfim, a lista vai longe.
Tem muita coisa boa no Facebook, mas o objetivo desse texto é revelar esse outro lado preocupante que é a transformação de uma ferramenta de entretenimento e comunicação social em um canal de desabafos e exposição da vida privada.
Esse movimento evidencia uma necessidade humana de compartilhar suas angústias e anseios, e como hoje vivemos em dias cada vez mais individualistas, sofremos a falta de ombros para chorar e ouvidos para ouvir os nossos desabafos. Quando o desespero bate, recorremos ao escape mais próximo e é nessa hora que confundimos uma ferramenta de comunicação social com uma sessão de terapia para expor aquilo que nos aflige.
O falecido Rubem Alves já dizia: “Todo mundo quer fazer curso de oratória, mas ninguém quer fazer curso de escutatória”. Falta gente para ouvir; é por isso que falamos muito para aqueles (ou aquilo) que têm ouvidos, mas não ouvem.
Parafraseando o mestre, podemos dizer que o Facebook e outras mídias sociais postam “do que está cheio o coração”. Dando uma olhada rápida no feed de notícias, receio que estamos mal de coração e, principalmente, órfãos de ouvidos amigos.
Fotos: Internet
::Calebe Ribeiro – Ultimato
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