quarta-feira, 10 de setembro de 2014

O grito! O sussurro…


Um grito foi dado há muitos anos à beira do Ipiranga, desde então paramos para lembrar e comemorar esse feito. Lembro-me de minha mãe levando sua prole para ver o desfile de Sete de Setembro na Avenida Afonso Pena, em BH. Ela se desdobrava para nos ensinar o valor da história. Na época achava tudo lindo e grande. Enfiava-me entre as pernas dos adultos e admirava os carros, tanques e os soldados marchando em um alinhamento perfeito ao som da banda. Voltávamos para casa marchando e tremulando as bandeirinhas com o sentimento da grandeza e força da pátria. Era criança e aprendi com a história que aquele grito outorgava a liberdade, a independência da opressão.
O tempo foi passando e eu descobri que aquele grito não foi suficiente para promover a libertação que eu realmente precisava. Aquele grito não tinha a força necessária para por as cadeias, que insistiam em atormentar, abaixo.
Há dez anos conheci um homem que deu apenas um sussurro. Ele estava muito fraco, pois havia sido espancado sistematicamente por muitas horas. Ele não estava bonito, seu rosto revelava a dor mais profunda que alguém poderia suportar, mas nem mesmo essa dor conseguiu apagar a pureza do seu olhar. Ele arrastou uma cruz, nela foi pregado e ali ficou por mais algumas horas. Seu silêncio era constrangedor, até que Ele abriu sua boca e declarou: “Está consumado”. Ele não precisou gritar, mas aquelas palavras tiveram o poder de quebrar a dureza da minha incredulidade e rasgar o véu da distância que nos separava. Liberdade enfim!
Desde então sigo, às vezes gritando, às vezes falando e às vezes escrevendo na tentativa de fazer ecoar o som da verdadeira liberdade que um dia consegui ouvir: a voz de Jesus. Todos os anos temos o dia Sete de Setembro para lembrarmos o grito da Independência. É a nossa história e devemos prestar atenção nela. Mas a voz da liberdade eterna deve ser repercutida todos os dias, até que não haja mais quem não saiba dela. A voz que realmente liberta está dentro de nós e cabe a nós emiti-la.
Fale!
E tudo isto provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Jesus Cristo, e nos deu o ministério da reconciliação (2 Coríntios 5.18)
Nilma Gracia Araujo
Fonte: Lagoinha.com

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