quarta-feira, 8 de abril de 2015

NÃO É TARDE DEMAIS! 
Josué 14.6 a 13


      Ele tinha oitenta e cinco anos e já havia visto muitas coisas. Nas gavetas de suas memórias, dobradas como roupas que quase não se usa mais, repousavam lembranças da complexidade que foi sua vida. O senhor Calebe viveu grandes coisas entre guerras e conquistas. Aquela era, merecidamente, hora de descansar, se aposentar e deixar para os mais jovens as lutas diárias, afinal poucos da sua geração tinham tanto êxito a contar para os netinhos. Ele era um exemplo de vencedor e isso já estava bom!
      Mas seus velhos olhos insistiam em mirar o monte Hebron. Aquelas colinas o atraíam como o canto de um pássaro no silêncio e suas lembranças insistiam em ecoar as palavras de Moisés há quarenta e cinco anos. Uma promessa: a posse daquele monte por herança. Calebe conhecia sua condição, sabia que já era idoso e não ignorou sua realidade. Mas toda vez que olhava para o alto via a promessa e ela fazia refletir um homem tão forte como um jovem de quarenta anos. A autoimagem de Calebe era tão bem resolvida que ele reivindicou seu direito a Josué, ainda que tivesse que lutar com gigantes para conquistar aquele lugar.
     Calebe sabia das dificuldades existentes para fazer cumprir aquela promessa. Ele podia desistir, aliás era muito mais fácil deixar “pra lá” e se contentar com a “aposentadoria”, não é mesmo? Entretanto, ele não desistiu, decidiu que, ainda que seu corpo estivesse velho, a promessa de Deus não havia caducado com o tempo. 
     Para nós, o tempo também passa e vai aos poucos desbotando as promessas que eram tão vivas como vermelho sobre branco. A alegria do milagre por vir vai apagando em nossa mente. Os gigantes do cotidiano gritam por tanto tempo: “não vai dar”, que às vezes esquecemos a suave voz da promessa, perdemos a fé e acreditamos que estamos velhos demais para conquistar. 
Calebe não achava que era velho, ele tinha certeza da sua idade, contudo, a sua maior certeza era a fidelidade do Senhor da promessa. Fé! Quem disse que é tarde demais?
       Minha mãe orou por mais de trinta anos pela conversão de todos os filhos. Agora, aos oitenta e quatro anos chegou a alegria de ver o último filho se convertendo e se preparando para o batismo. Aleluia! Mas ela não parou e continua orando pelos netos e bisnetos. Não é tarde demais, lembre-se da promessa, agarre-se à juventude desse dia e encontre ali forças para lutar e conquistar. Se Deus prometeu, na hora certa, irá cumprir.

 :: Nilma Gracia Araujo, 
    Fonte: www.lagoinha.com

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